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Acordo entre Brasil e Filipinas deve impulsionar exportação de carnes bovina, suína e de aves

O governo brasileiro anunciou nesta terça-feira (12) que as Filipinas reconheceram a equivalência de sistemas de inspeção sanitária para as exportações brasileiras de carnes bovina, suína e de aves.

Em resposta a um pedido feito pelo Brasil no ano passado, o Departamento de Agricultura e Inspeção da Filipinas outorga ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) autorização para certificar e habilitar estabelecimentos auditados pela missão de inspeção do país asiático.

Além disso, informa o Ministério da Agricultura, o acordo inclui a possibilidade de habilitar outras unidades produtivas que atendam aos requisitos estabelecidos. O acordo é válido por três anos, a partir de 28 de fevereiro deste ano.

O reconhecimento, chamado de “system accreditation”, atesta o nível de confiança no controle sanitário brasileiro. O país vende alimentos a mais de 150 nações do planeta.

ABPA

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a conquista anunciada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária deve influenciar positivamente o fluxo de exportações neste ano de carne de frango e suína.

A entidade explica que, com a acreditação de sistema e estabelecimento de pré-listing, as missões técnicas das autoridades do país asiático agora estarão focadas na validação do sistema, não de plantas. Anteriormente, a habilitação era realizada individualmente, com análise documental realizada pelas Filipinas.

Ao todo, 23 plantas exportadoras de carne de frango e quatro unidades exportadoras de carne suína estavam habilitadas a exportar, diz a ABPA.

“O pré-listing é um importante reconhecimento ao sistema brasileiro e o estabelecimento de um novo patamar nas relações com o mercado filipino (…). Temos boas expectativas quanto ao crescimento da parceria entre as duas nações”, analisa o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Comércio entre Brasil e Filipinas

O Mapa informa que, no ano passado, o Brasil exportou cerca de US$ 700 milhões em carnes para as Filipinas, o equivalente a 394 mil toneladas. Já as importações globais das Filipinas dos produtos do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 907,9 milhões, o equivalente a 836 mil toneladas de alimentos.

De acordo com a ABPA, atualmente as Filipinas são o sexto principal destino das exportações de carne de frango do Brasil, com 37,4 mil toneladas importadas no primeiro bimestre deste ano. De carne suína, foram 25,7 mil toneladas no mesmo período, posicionando o mercado como segundo maior importador. Somadas, as vendas das duas proteínas geraram receitas superiores a US$ 80 milhões nos dois primeiros meses deste ano.

“Percentualmente, as Filipinas são o mercado com maior crescimento no setor de suínos e um dos que mais cresce nas importações de carne de frango do Brasil. Quando relacionamos a quantidade de plantas habilitadas até aqui e o volume embarcado, temos uma perspectiva do quão positiva é a expectativa sobre o futuro deste mercado, tanto para a carne de frango como para outros produtos como as carnes de peru e de pato”, analisa o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.

Em 2023, as Filipinas foram o sexto principal destino das exportações brasileiras de carne de frango, com 219,5 mil toneladas importadas – equivalente a 4,4% das exportações brasileiras. Em carne suína, foram 126 mil toneladas, posicionando o mercado como terceiro maior importador, responsável por 10,6% do total exportado. Desde a abertura do mercado, nos anos 2000, as Filipinas importaram 1,435 milhão de toneladas das carnes de frango e suína do Brasil, o equivalente a 57 mil contêineres.

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Pecuária

China aprova 38 frigoríficos brasileiros para exportação de carne; 6 em MT

A China anunciou a habilitação de 38 frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina, de aves e suína para lá. Esse é o maior número de plantas autorizadas de uma só vez na história.

São 24 plantas produtoras de carne bovina, nove de carne de aves e um estabelecimento de carne bovina termoprocessada. Também foram habilitados quatro entrepostos, sendo um de carne bovina, dois de frango e um de suínos.

A previsão do governo brasileiro é que as novas habilitações gerem R$ 10 bilhões adicionais à balança comercial.

Em dezembro de 2023, auditores chineses visitaram 18 frigoríficos brasileiros para inspeção, sendo que três unidades já eram habilitadas. Já em janeiro, outras 29 plantas foram auditadas por videoconferência. Das 44 empresas inspecionadas, 38 receberam autorização para exportar. As demais não foram avalizadas por falta alguns documentos, apurou a reportagem.

A planta da Seara em Itajaí (SC) foi habilitada para a exportação de dois tipos de produtos, aves e suínos, e por isso é contabilizada duas vezes. A JBS foi a empresa com mais habilitações obtidas para exportar carne para a China nesta nova rodada de aprovações, com dez novas plantas habilitadas.

Ainda entre as gigantes do setor, a Minerva conseguiu habilitação para duas de suas unidades, uma em Janaúba (MG) e outra em Araguaína (TO). A Marfrig teve sua planta de Bataguassu (MS) habilitada pelos chineses, que é uma das maiores unidades da companhia. A BRF, controlada pela Marfrig, conseguiu aprovação da China para o embarque de aves pela unidade de Chapecó (SC).

Na carta que enviou ao governo brasileiro, a China diz que “a fim de promover o registro de empresas brasileiras de carne na China e continuar a fortalecer a cooperação na área de importação e exportação de segurança alimentar entre a China e o Brasil, com a estreita cooperação entre as duas partes, a China concluiu recentemente a revisão de 44 empresas de carne recomendado pelo Brasil e aprovado na análise do documento”.

Em 2024, Brasil e China celebram 50 anos de relações diplomáticas. O mercado chinês é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina, suína e de frango.

Antes dessas autorizações, o Brasil tinha 106 plantas habilitadas para a China: 47 de aves, 41 de bovinos, 17 de suínos e 1 de asininos. Agora, são mais 24 plantas produtoras de carne bovina, nove de carne de aves e um estabelecimento de carne bovina termoprocessada. Também foram habilitados quatro entrepostos, sendo um de carne bovina, dois de frango e um de suínos. São 144 unidades no total.

Recentemente, a China retirou a medida antidumping que era aplicada desde 2019 às exportações brasileiras de carne de frango. O mecanismo sobretaxava os negócios entre 17,8% e 34,2% conforme a empresa exportadora.

Novo marco entre os países

O anúncio da habilitação de 38 novos frigoríficos para exportar carnes para a China significa um marco na relação bilateral entre os dois países.

Setor comemora

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) comemorou o anúncio da habilitação de novas unidades frigoríficas de carne de frango e entrepostos frigoríficos para exportar para a China.

Veja a lista dos frigoríficos habilitados:

Bovinos

JBS – Santana do Araguaína (PA)
JBS – Naviraí (MS)
JBS – Confresa (MT)
JBS – Alta Floresta (MT)
JBS – Marabá (PA)
JBS – Campo Grande (MS) – SIF 4400
JBS – Campo Grande (MS) – SIF 1662
JBS – Pimenta Bueno (RO)
JBS – Diamantino (MT)
JBS – Pontes e Lacerda (MT)
Minerva – Araguaína (TO)
Minerva – Janaúba (MG)
Marfrig – Bataguassu (MS)
Beauvallet Goiás Alimentos – Inhunmas (GO)
Prima Foods – Cassilândia (MS)
Prima Foods – Santa Fé de Goiás (GO)
Mercúrio Alimentos – Xinguara (PA)
Frigorífico Tavares da Silva – FTS – Xinguara (PA)
Better Beef – Rancharia (SP)
Boa Carne – Colider (MT)
Boibras – São Gabriel do Oeste (MS)
Distriboi – Ji-Paraná (RO)
Pantaneira – Várzea Grande (MT)
Frigorífico Rio Machado – Ji-Paraná (RO)
Pampeano – Hulha Negra (RS)

Aves

Seara – Santo Inácio (PR)
Aurora – Guatambú (SC)
BRF – Chapecó (SC)
Dip Frangos – Capanema (PR)
Jaguafrangos – Jaguapitã (PR)
Avenorte – Cianorte (PR)
Cooperativa Languiru – Westfalia (RS)
Plusval – Umuarama (PR)

Entreposto de produtos de origem animal

Seara – Itajaí (SC) – aves e suínos
Aurora – Itajaí (SC)
Cotriguaçu – Cascavel (PR)
Martini Meat – Rio Grande (RS)

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Agricultura Pecuária

Exportações de Rondonópolis crescem 8,2% no bimestre

Rondonópolis registrou crescimento nas exportações neste primeiro bimestre de 2024. Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior, as exportações da cidade subiram 8,2% neste no período em comparação com 2023, chegando a U$ 438,92 milhões. O resultado mantém Rondonópolis como maior exportadora de Mato Grosso e a 17ª do Brasil.

Os números do comércio exterior ainda apontam que, neste primeiro bimestre, as exportações locais representaram 11,9% do total exportado por Mato Grosso e 0,9% pelo Brasil.

Já as importações tiveram queda nos dois primeiros meses do ano. Com redução de 13%, Rondonópolis importou um total de U$ 117,43 milhões. Assim, o Município fecha o bimestre como maior importador de Mato Grosso e 78º do Brasil. No período, as importações da cidade representaram 29,3% do total importado pelo Estado e 0,3% das importações brasileiras.

Com as exportações chegando a U$ 438,92 milhões e as importações atingindo U$ 117,43 milhões, Rondonópolis registrou, neste bimestre, superávit de U$ 321,5 milhões.

A China se mantém como principal destino das exportações de Rondonópolis. Para o país asiático foram exportados no primeiro bimestre de 2024, U$ 131 milhões, o que representou 29,9% do total das exportações locais.

Também na Ásia, a Tailândia foi o segundo país que mais recebeu produtos da cidade. Foram exportados para o país U$ 101 milhões, 22,9% do total das exportações.

As importações vieram, principalmente da Rússia e do Canadá. Da Rússia foram importados U$ 31,5 milhões nestes meses de janeiro e fevereiro, 26,8% do total das importações no período. Do Canadá foram importados U$ 14,6 milhões, o que representa 12,5% das importações da cidade.

Neste primeiro bimestre do ano, a torta e outros resíduos da extração do óleo de soja foram os produtos mais exportados, representando 52% do total das exportações locais. Foram exportados U$ 228 milhões do produto, aumento de 14,4% em comparação ao mesmo período de 2023.

Ainda, entre os produtos com destaque nas exportações do bimestre estão a soja, representando 19% das exportações; o algodão (17%); o milho (6,2%); e, a carne bovina (4,8%).

Entre os produtos importados, o destaque fica com os fertilizantes, que representam, praticamente, a totalidade das importações de Rondonópolis neste primeiro bimestre do ano. Os fertilizantes potássicos representaram a maior parte das importações (42%), seguido dos azotados (27%) e dos fosfatados (10%).

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Pecuária

Arroba do boi gordo sobe no Norte do país, mas recuo continua no Sudeste

O preço da arroba do boi gordo voltou a recuar em São Paulo, depois de uma leve recuperação e ficou cotado em R$ 233,30, segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A queda diária está em 0,77% e a mensal chega a 0,89%.

Por outro lado, depois de pressão negativa forte nesse mercado, a consultoria Agrifatto considera que o mercado físico demonstra estabilidade nos preços cotados nesta terça-feira (5/3).

Por outro lado, depois de pressão negativa forte nesse mercado, a consultoria Agrifatto considera que o mercado físico demonstra estabilidade nos preços cotados nesta terça-feira (5/3).

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Pecuária

Produção brasileira de carne bovina deve crescer 4% em 2024 e atingir recorde de exportação

A produção brasileira de carne bovina deverá alcançar 11,37 milhões de toneladas em equivalente carcaça (TEC) em 2024, de acordo com a representação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Brasília (DF). O volume representa aumento de 4% ante o ano passado, de 10,95 milhões de toneladas. A projeção considera o aumento do abate de gado, melhores condições econômicas dos consumidores, além da competição menor no exterior e uma demanda externa sólida, especialmente da China, diz a agência.

O consumo doméstico de carne bovina deve ser de 8,5 milhões de toneladas em 2024, aumento de 4% ante 2023, estima o USDA em Brasília. A previsão é baseada no aumento da disponibilidade de carne bovina no mercado doméstico, em virtude do aumento das taxas de abate e de uma melhoria – embora lenta – no cenário econômico, com preços relativamente mais baixos na primeira metade do ano.

Principal exportador global, o Brasil deve embarcar em 2024 um volume recorde de 2,955 milhões de toneladas de carne bovina, alta de 2%, representando 26% de toda a produção, segundo o USDA. A estimativa considera o aumento da produção de carne bovina, a forte demanda externa – especialmente da China e dos Estados Unidos – e os desafios enfrentados pelos concorrentes estrangeiros.

“A previsão é que as exportações para a China atinjam o pico na segunda metade de 2024 por causa dos preparativos para o Ano Novo Chinês, que em 2025 será celebrado em 29 de janeiro”, avalia a agência. Além disso, espera-se que a abertura de novos mercados traga “mais diversificação ao mercado de exportação”, a fim de diminuir a dependência do mercado chinês.

Suínos
O Brasil deverá produzir 4,68 milhões de toneladas (TEC) de carne suína em 2024, de acordo com estimativa da representação do USDA, em Brasília (DF). O volume representa aumento de 4%, na comparação anual, como resultado do aumento do abate, redução do custo de alimentação e investimentos realizados para aumentar a produção, segundo a agência. Contudo, o volume fica abaixo da projeção anterior de 4,88 milhões de toneladas, por causa da preocupação com os preços e a disponibilidade de ração, além das condições econômicas lentas, acrescenta.

O USDA prevê um aumento de 4% no consumo doméstico de carne suína em 2024, para 3,18 milhões de toneladas em equivalente carcaça. Isso deve ocorrer em virtude da maior disponibilidade de carne suína no mercado interno e preços mais baixos para os consumidores, “o que tornou a carne suína mais competitiva em 2023 em comparação com outras fontes de proteína”, segundo a agência.

Quanto às exportações, a expectativa é de aumento de 6% em 2024 em relação ao ano anterior, para 1,5 milhão de toneladas, segundo o USDA, representando 32% de toda a produção. A previsão se baseia no aumento da disponibilidade de carne suína, boa demanda externa, aumento nas compras de novos mercados, ampliação das exportações para consumidores existentes e no status sanitário do Brasil em comparação com seus concorrentes que enfrentam a Peste Suína Africana, especialmente na Europa, de acordo com o relatório.

Conforme dados oficiais do USDA, a China importará 2,25 milhões de toneladas de carne suína em 2024. No ano passado, o Brasil ultrapassou a Espanha e se tornou o maior exportador do produto para o país asiático.

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Pecuária

MT se mantém na liderança com maior rebanho bovino do país

O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea-MT) divulgou nesta terça-feira (27.02) o resultado da 2ª campanha estadual de atualização de estoque de rebanho, realizada entre os meses de novembro e dezembro do ano passado. Mato Grosso possui 34,1 milhões de cabeças de gado e se mantém como líder nacional de rebanho bovino, apontou o relatório.

O Estado conta com um total de 109.751 estabelecimentos rurais com bovinos e um total de 126.441 produtores rurais. Desse total, 98,89% realizou em dezembro passado a comunicação do estoque de rebanho. Apenas 1.404 não realizaram o informe dentro do período, ficando sujeitos a multas.

Dez municípios concentram um quarto de todo o rebanho, sendo eles: Cáceres, Vila Bela da Santíssima Trindade, Juara, Colniza, Juína, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nova Bandeirantes, Porto Esperidião e Aripuanã, que, juntas, têm 8,6 milhões de cabeças de gado.

O levantamento identificou uma leve diminuição na quantidade de gado em relação à 1ª campanha atualização de estoque de 2023, realizada de maio junho do ano passado, a qual havia apontado um total de 34.473.643 bovinos.

O coordenador de Defesa Sanitária Animal, João Marcelo Néspoli, explicou que essa diminuição de 346,7 mil animais de uma campanha estadual para outra se deve principalmente ao aumento no número de abates, e, dentro desse cenário, o crescimento do abate de fêmeas. Em 2023, Mato Grosso abateu 400 mil matrizes a mais do que em 2022.

“Com menos matrizes, a propriedade reduz a produção de bezerros, o que também contribui para a diminuição do rebanho. A análise dos nossos dados apontou ainda que houve aumento no abate de fêmeas acima de 36 meses, que é uma faixa etária de matrizes. Fêmeas criadas para o abate vão para os frigoríficos antes dessa idade”, explicou João Marcelo Néspoli.

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Pecuária

Brasil vai bem nas exportações de carne bovina, mas ‘sonha’ com Japão e Coreia do Sul como destinos 

Especialistas apontam que estes países asiáticos, por serem bastante exigentes, seriam mais do que compradores em volume, mas ‘cartões de visita’ pela aprovação da qualidade da proteína brasileira

As exportações de carne bovina brasileira, somando in natura e processada, fecharam o ano de 2023 com volume 8,15% maior que em 2022, segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO). Neste início de 2024, o montante exportado em toneladas em janeiro também cresceu em relação ao mesmo mês de 2023, na ordem de 28%.

Entretanto, a receita pelas vendas internacionais da proteína brasileira vem registrando queda desde o ano passado, resultado de uma redução nos preços pagos pelos principais países importadores, principalmente a China. 

Segundo dados da plataforma ComexVis do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a China representou em 2023 60% do faturamento brasileiro com as vendas de carne bovina, seguido do Chile, com 5,1% e Estados Unidos, com 4,9%.

exportações carne bovina 2023 1
Fonte: ComexVis
exportações carne bovina 2023 países de destino
Fonte: ComexVis

De acordo com Paulo Mustefaga, presidente executivo da ABRAFRIGO, nos últimos anos o Brasil se consagrou como um dos grandes exportadores de carne bovina, acessando importantes mercados como Estados Unidos, Canadá, México e Rússia. “O que ainda falta seria alguns mercados asiáticos importantes, como Coreia do Sul, que já existe uma negociação, e o Japão, que hoje é o terceiro mercado mais importante do mundo, atrás de China e Estados Unidos”, afirma. 

O mercado da Coreia do Sul, um dos mais exigentes, só aceita importações de carne bovina e suína de locais que sejam livres de febre aftosa sem vacinação. Entre os dias 9 e 14 de novembro de 2023, uma delegação sul coreana visitou propriedades e plantas frigoríficas nos três Estados da região Sul do Brasil, conforme agenda organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). 

“No último dia de trabalho, eles conheceram o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária, localizado no Rio Grande do Sul. Os dois estados vizinhos conquistaram recentemente a certificação como Área Livre de Febre Aftosa sem Vacinação, concedida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) aos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e de Mato Grosso, mas ainda falta o reconhecimento da condição pelas autoridades sul-coreanas”, informou a Cidasc-SC.

Mustefaga detalha que a ABRAFRIGO participa das tratativas, mas que quem lidera as negociações é o MAPA, “e pelo que temos conhecimento, está avançando o acordo”. “O próprio ministro (Carlos Fávaro) já deu declarações recentemente à imprensa sobre isso, e o setor espera que isso se concretize. E vai representar uma quebra de paradigma também, porque é um mercado importante do ponto de vista econômico, paga bem, é muito exigente. Seria mais uma chancela para a qualidade da carne bovina do Brasil”, disse.

Para além da Coreia do Sul, o Japão também é elencado por Mustefaga como um dos top 3 mercados mais importantes no mundo para a carne bovina, e também extremamente exigente. Assim como a Coreia do Sul, o Japão apenas importa carne bovina de regiões livres de febre aftosa sem vacinação.

Segundo Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos, “estrategicamente falando, um país que paga bem é o Japão, que é um sonho, mas é um país rigorosíssimo”, diz. Ele explica ainda que a habilitação japonesa de frigoríficos brasileiros para exportação de carne bovina seria “carimbo, uma melhora na imagem do Brasil, algo que impactaria mais na reputação do que no volume embarcado em si”. 

CHINA EM ROTA DE AUMENTO DE CONSUMO, MAS E O PREÇO?

“A China já é um grande parceiro que já estava consolidado e que é muito importante. O consumo per capita do Chinês ainda é baixo, mas vem numa constante de crescimento, e consolidar isso é de suma importância. Mas é importante lembrar que uma concentração muito grande causa uma dependência”, afirma Douglas Coelho.

No final do ano passado, delegações chinesas anunciaram visitas ao Brasil para vistorias em plantas frigoríficas de carne bovina em prospecção à novas habilitações. Segundo Paulo Mustefaga, no ano passado, foram 15 plantas que receberam auditoria de autoridades chinesas, e os resultados oficiais ainda não saíram. Neste ano, agora em janeiro, houve uma auditoria online, por vídeo, com 28 frigoríficos, perfazendo 43 indústrias no total que aguardam para serem habilitadas. Fora isso, outros 33 frigoríficos cujos questionários foram mandados para a China foram rejeitados pois havia alguma não-conformidade nos documentos, segundo o presidente executivo da ABRAFRIGO.
 
“Qualquer número (de frigoríficos) que seja aprovado, isso para o Brasil é bom, porque são mais empresas exportando, mais benefícios. Mas vale lembrar que a China não paga mais tão bem pela carne como era há dois ou três anos”, disse.  

Mustefaga pontua que, em 2021, quando houve o boom de exportações de carne bovina para a China, o gigante asiático chegava a pagar cerca de US$ 7 mil dólares por tonelada da proteína, que caiu para US$ 6.385 em 2022 e US$ 4.761 em 2023. “A China passa por uma severa questão econômica, mas o volume embarcado acaba suplantando a questão do valor. Vale lembrar também que em 2021/22, com a alta nas exportações, a arroba do boi aqui era alta e o custo de produção também, mas agora o custo da matéria prima também baixou”, explica. 

exportações de carne bovina série histórica
Exportações de carne bovina série histórica por valor. Fonte: ComexVis
exportações de carne bovina série histórica por peso
Exportações de carne bovina série histórica por peso. Fonte: ComexVis

PERDA DE ESPAÇO NA UNIÃO EUROPEIA

Ao passo que o Brasil conquistou os mercados mais importantes no mundo para a venda de carne bovina, como China, Estados Unidos, México e Canadá, o país foi perdendo espaço na União Europeia, onde no início dos anos 2000 havia grande fatia das vendas. 

Conforme explica Paulo Mustefaga, no início dos anos 2000 as exportações da proteína bovina brasileira para a União Europeia representavam quase 40%. Hoje o Brasil exporta o equivalente a 3,5% em volume e 5% em valor, por ser uma região que importa produtos com valor agregado maior. 

“É preciso ponderar que conquistamos o mercado Chinês, que é 50% do que exportamos em volume. No caso da União Europeia, os problemas que vêm se acumulando são sobre questões restritivas que o próprio bloco coloca, como questões sanitárias de rebanho, o que não é justificável tecnicamente, porque o Brasil não tem problemas com nenhum outro mercado comprador”, afirma.

Para o presidente executivo da ABRAFRIGO, são barreiras muito ligadas ao protecionismo econômico, uma vez que o Brasil possui preços bastante competitivos. “Praticamente todo o país é livre de aftosa com vacinação e estamos avançando em estados livre da doença sem vacinação. E agora tem a questão das barreiras ambientais que a União Europeia aprovou sobre a rastreabilidade, questão de desmatamento. É preciso considerar que o Brasil tem leis ambientais rígidas”. 

Mustefaga detalha que é difícil estimar o quanto uma retomada aos antigos patamares de exportações de carne bovina para a União Europeia representaria. “Mas é claro que se estivéssemos exportando para a União Europeia nos mesmos volumes do passado, nas condições normais de mercado, representaria uma oportunidade comercial excelente para o setor. No caso da União Europeia, são carnes de maior valor agregado, com maior preço”, apontou.

PARA ALÉM DA CARNE: EXPORTAÇÕES DE GADO EM PÉ

O balanço das exportações de gado vivo, ou ‘gado em pé’ de 2023 pelo Brasil ainda não foi finalizado, mas a perspectiva é de que tenha havido alta considerável em relação ao ano de 2022, segundo Ana Paula Oliveira. Médica veterinária e Zootecnista, mestre em Produção Animal pela FMVZ Unesp e analista de mercado da Scot Consultoria.

Ela explica que em 2022, o Brasil representava 3,78% da exportação mundial nesta modalidade, segundo o mais recente resultado do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). “Em 2023 esse cenário deve mudar, apesar de não ter números oficiais, este número deve ter sido superado. Havia expectativa de 380 mil cabeças, e analisando o número geral, 2023 foram quase 600 mil cabeças. É um número que esperávamos ver somente na conclusão de 2024”, afirma a analista.

Este aumento das exportações de gado em pé pelo Brasil em 2023 deve, inclusive, desbancar alguns dos grandes players neste tipo de embarque, de acordo com Ana Paula. Em 2022, a União Europeia figurava em primeiro lugar, seguido de México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil. “Em 2023 o Brasil deve chegar entre os três primeiros exportadores, deixando os Estados Unidos para trás, com menor rebanho no ano passado, e brigando com o Canadá e o México”, afirmou.

Um dos mercados-alvo do Brasil na exportação de gado vivo, segundo a especialista, é o Vietnã, que já está ‘aberto’ desde 2021, mas ainda sem negociações consistentes. A Turquia é um dos principais compradores do Brasil, e  tem uma questão cultural dos abates, há uma exigência; em seguida vem o Egito e o Iraque. “O que vemos para o futuro próximo está mais relacionado ao aumento do volume comprado, como vemos acontecendo com o Egito, por exemplo”, explicou. 

Sobre a rentabilidade, Ana Paula detalha que, se a análise das exportações de gado em pé for feita com foco na contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB), o faturamento é pequeno: são US$ 500 milhões dólares ano, o que foi atingido em 2023. “A gente não consegue ver um número representativo como um todo, mas num pico de baixa de preço, por exemplo, quando exportamos esses bovinos, tem um retorno financeiro ao pecuarista muito mais rápido, o que melhora a condição de quem está vendendo”, explicou. 

Entre os gargalos para este tipo de exportação para o ano de 2024, a analista elenca, além dos custos de produção para o gado, as questões logísticas. Os principais compradores do Brasil são do Oriente Médio, e hoje com estes conflitos armados, a analista afirma que é preciso fazer uma rota diferente, o que pode ser desafiador este ano. Podemos perder algum espaço para a Austrália pela questão da distância, para não passar pelo Mar Vermelho. Esse seria o principal desafio para o ano de 2024, a logística, para além dos custos com a alimentação dos animais por causa da quebra de safras de gãos”, finalizou.

Por:

 Letícia Guimarães

Fonte:

 Notícias Agrícolas

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Brasil e Egito assinam acordo para facilitar exportação de carnes

Brasil e o Egito assinaram nesta terça-feira (13) um acordo que facilita o comércio de carne bovina, suína e de aves entre os dois países.

O “Protocolo de Equivalência dos Sistemas de Inspeção de Carnes”, também conhecido como “pre-listing“, elimina a necessidade de auditorias presenciais por parte das autoridades egípcias para a habilitação de novos estabelecimentos brasileiros exportadores.

Desde 2019, cerca de 30 estabelecimentos brasileiros estavam na “fila de espera” para obterem a habilitação.

“O Egito, um dos seis maiores importadores mundiais de carne bovina do Brasil, e líder na importação de carne de aves do nosso país, demonstra a força e o potencial de crescimento das relações comerciais estabelecidas. Somente no ano passado conquistamos quatro novos mercados no Egito, entre eles o de algodão”, afirmou Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa.

Em 2023, o Brasil exportou para o Egito mais de US$ 1,7 bilhão em produtos, dos quais US$ 384 milhões, correspondentes a 22%, foram em carnes, totalizando mais de 130 mil toneladas exportadas.

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Veja como fica a arroba do boi gordo depois do Carnaval

A última semana terminou com o mercado físico ainda sentindo a pressão baixista imposta pelos frigoríficos e as cotações recuaram em alguns estados do país. Em Goiás houve recuo diário de 1,1%, encerrando a sexta-feira com a arroba do boi gordo cotada a R$ 222,80. A B3 foi no sentindo contrário ao mercado físico, e todos os contratos tiveram ajustes positivos no comparativo diário, com o vencimento para fev/24 ficando precificado a R$239,90/@, com variação de 0,13%.

Para as escalas de abate apesar da indústria resistir em ofertar mais pela arroba, já há sinais de uma melhora no escoamento e logo a necessidade de suprir a demanda pode fazer com que ofertem mais pelo bovino terminado. As programações dos frigoríficos recuaram 1 dia útil na média nacional em relação a semana passada e se estabeleceram em 8 dias úteis.

O mercado físico do boi gordo registrou preços acomodados ao longo da semana. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o ambiente de negócios aponta para encurtamento das escalas de abate em várias regiões do país, o que pode levar ao maior apetite de compra na retomada das negociações após o feriado de carnaval.

Para Iglesias, os preços da carne já sinalizaram para recuperação no decorrer desta semana, com espaço para continuidade deste movimento no curto prazo. “Vale destacar que o pecuarista ainda se depara com boa capacidade para retenção neste momento, cadenciando o ritmo das negociações”, pontua.

Os preços a arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim na última sexta-feira o dia 8 de fevereiro:

  • São Paulo (Capital): R$ 239,00
  • Minas Gerais (Uberaba): R$ 240,00
  • Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 231,00
  • Mato Grosso (Cuiabá): R$ 211

Boi no atacado

O mercado atacadista apresentou preços fimes para a carne bovina ao longo da semana. O ambiente de negócios ainda sugere pela continuidade do movimento de alta no decorrer da primeira quinzena do mês, período pautado por maior apelo ao consumo.

A entrada dos salários na economia foi o grande motivador deste movimento, que influenciou positivamente no comportamento de preços de todas as carnes.

De acordo com Iglesias, o quarto traseiro foi precificado a R$ 18,50 por quilo. Enquanto o quarto dianteiro foi cotado a R$ 13,00 por quilo. Ponta de agulha, por sua vez, seguiu cotada a R$ 13,00 por quilo.

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Rússia habilita novos frigoríficos brasileiros a exportar carne bovina; MT está na lista

A Rússia habilitou novos frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina e de frango, segundo o comunicado do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária do país. De acordo com as informações do Broadcast Agro, a Rússia retirou a suspensão temporária sobre as unidades de carne e aves e subprodutos avícolas da planta da Seara Alimentos, no município de  Forquilhinha/SC.

Dentre as unidades que foram habilitadas a exportar carne bovina estão as unidades do frigorífico da JBS em Confresa/MT e na região de Lins/SP, na qual as vendas estavam suspensas desde 2017. No município de Itapetininga/SP, foi autorizado a unidade da Seara Alimentos para carne de aves. Em Chapecó/SC, o frigorífico da BRF obteve autorização para exportar carnes de aves e gorduras, até então restritas à farinha animal.

Ainda segundo as informações do Broadcast Agro,  as alterações estão válidas desde 23 de janeiro e foram comunicadas à indústria de carnes em 29 de janeiro, segundo as informações do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e do órgão sanitário russo.

Em rede social, o adido agrícola da Rússia no Brasil, Andrey Yurkov, destacou que a auditoria realizada pelas autoridades sanitárias russas no Brasil foi concluída em dezembro. Segundo ele, foi a primeira vistoria realizada desde 2015 e passou por seus estados brasileiros e pelo Distrito Federal.  

“A missão russa mais uma vez fortaleceu a relação de confiança entre as autoridades sanitárias do Brasil e da Rússia e reafirmou a importância do papel do Brasil no fornecimento de produtos de origem animal sendo um dos principais fornecedores de carnes para o mercado russo”, escreveu Yorkov.